Quero a imperfeição da beleza
A imperfeição da criação, o imperfeito do amor...
Quero sonhar imperfeições para todas as coisas.
Quero viver imperfeições todas às horas!
Um índio atravessa à transamazônica
De caminhão atravessa o Panamá
Num avião ele chega bem longe
Será Londres?
As ruas lhe confundem
O idioma lhe assusta
Não mais guaranis ou moreninhas
Até Andrade se espanta
Com a sociologia da mistura
A antropologia dos curiosos
E a antropofagia da grana
Que rola escada abaixo no metrô sem direito a parar nas esquerdas rolantes
Da paranóia constante de bomba ou gás
Asfixiante e sedutora
Quem não quer te ver de perto
Mas aqui, quem vai ouvir se eu apitar?
Luciana, que lindo este texto!
ResponderExcluirPensei no Jean Charles,
não o escravo negro do naufrágio do Géricault,
mas o assassinado no metrô de Londres.
E tem o sobrevôo, o mundo visto de cima, como no Navio Negreiro do Castro Alves, e um mergulhão direto para os porões.
Dá um curta, um curtíssima.
É o Jean, são vários amigos que foram tentar a vida longe, essa opção solitária individualista, que nada combina com o sentido de coletividade pregado na oca. Ainda assim visto na condição do eterno índio (não pensando na tribo, mas no que a essa palavra significa para eles próprios). Do que pode ser ludibriado facilmente. Mas penso também que é muito a imagem da primeira missa (manda quem pode e obedece quem tem juízo). Devo confessar me torturou, porque nunca havia pensado nos livros didáticos ilustrando esse momento da história com essa pintura, e é a realidade. Mas foi forte para reafirmar a minha brasilidade e o papel transformador e às vezes até redator de seu tempo do discurso artístico.
ResponderExcluirValeu por terem postado.
Um beijo.
Luciana
Luciana,
ResponderExcluirSobre a origem mítica "paz e amor" apresentada pela pintura de Vitor Meirelles, há muito o que pensar e falar.
Como viajantes do século XXI, capazes de lidar com contradições, podemos olhar para este mito com um certo orgulho pacifista, afinal é lindo fundar um nação a partir da paz e do amor. O problema é que esta idéia não pode ser usada para incobrir as violências praticadas contra os índios e contra os negros em todos os tempos.