sábado, 26 de junho de 2010

Reflexão sobre a arte romântica

Texto: Luciana Bezerra

Quero a imperfeição da beleza

A imperfeição da criação, o imperfeito do amor...

Quero sonhar imperfeições para todas as coisas.

Quero viver imperfeições todas às horas!


***

Um índio atravessa à transamazônica

De caminhão atravessa o Panamá

Num avião ele chega bem longe

Será Londres?

As ruas lhe confundem

O idioma lhe assusta

Não mais guaranis ou moreninhas

Até Andrade se espanta

Com a sociologia da mistura

A antropologia dos curiosos

E a antropofagia da grana

Que rola escada abaixo no metrô sem direito a parar nas esquerdas rolantes

Da paranóia constante de bomba ou gás

Asfixiante e sedutora

Quem não quer te ver de perto

Mas aqui, quem vai ouvir se eu apitar?

3 comentários:

  1. Luciana, que lindo este texto!
    Pensei no Jean Charles,
    não o escravo negro do naufrágio do Géricault,
    mas o assassinado no metrô de Londres.
    E tem o sobrevôo, o mundo visto de cima, como no Navio Negreiro do Castro Alves, e um mergulhão direto para os porões.
    Dá um curta, um curtíssima.

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  2. É o Jean, são vários amigos que foram tentar a vida longe, essa opção solitária individualista, que nada combina com o sentido de coletividade pregado na oca. Ainda assim visto na condição do eterno índio (não pensando na tribo, mas no que a essa palavra significa para eles próprios). Do que pode ser ludibriado facilmente. Mas penso também que é muito a imagem da primeira missa (manda quem pode e obedece quem tem juízo). Devo confessar me torturou, porque nunca havia pensado nos livros didáticos ilustrando esse momento da história com essa pintura, e é a realidade. Mas foi forte para reafirmar a minha brasilidade e o papel transformador e às vezes até redator de seu tempo do discurso artístico.

    Valeu por terem postado.

    Um beijo.
    Luciana

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  3. Luciana,
    Sobre a origem mítica "paz e amor" apresentada pela pintura de Vitor Meirelles, há muito o que pensar e falar.
    Como viajantes do século XXI, capazes de lidar com contradições, podemos olhar para este mito com um certo orgulho pacifista, afinal é lindo fundar um nação a partir da paz e do amor. O problema é que esta idéia não pode ser usada para incobrir as violências praticadas contra os índios e contra os negros em todos os tempos.

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