Gente, nossa companheira Renata nos brindou com esse belíssimo depoimento sobre a aula do dia 20/05, com a professora Beatriz Resende. Reproduzo aqui na íntegra suas palavras, que nos trazem ainda mais incentivo para mergulhar de cabeça em todas essas expressões culturais que estudamos a cada encontro.
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Olá queridas pessoas das Quebradas,
Quebraderos,
Amei a aula da professora Beatriz, amei os textos, nossos encontros tem aquecido minha paixão pela literatura.
Impressionante perceber como a estrutura dramática desses textos perdura até hoje, de tal forma, que não conseguimos encontrar estruturas melhores.
Incrível imaginar uma cidade inteira a assistir uma peça e hoje imaginar um país inteiro na frente da telinha, para assistir telenovelas que reproduzem tais estruturas. Que força dramática!
Guardo em minhas reflexões de gaveta depois desse encontro (são aquelas reflexões que, vira e mexe damos uma olhadinha), o quanto a PALAVRA é forte e mais ainda a PALAVRA-ARTE dramática, o quanto podemos nos valer dela, o prejuízo brasileiro, quando constatamos que uma boa peça de teatro custa mais ou menos, em média 20% do salário mínimo, tornando inviável, a mais do que boa parte da população, a acessar, tal maravilha. A se contentar com a telinha, ou melhor dizendo, a telenovelinha "nossa" de todas as noites, de cada dia. Pois, como vimos, a exemplo dos gregos, desses sábios homens da antiguidade, a catarse é necessária. Precisamos sentir a dor do poeta, que deveras sente. Assim, ratificou Fernando Pessoa. Mesmo que seja essa de baixa renda, no exemplo brasileiro, ou melhor dizendo, latino. Para anestesiar ou globalizar, no pior sentido do conceito.
Isso me faz pensar, como nos ressaltou a querida professora Beatriz (em outro tempo feliz, tive a sorte de ser sua aluna em literatura comparada e de lá para cá passei a ver a literatura com múltiplos olhos). Que missão estaria escondida por trás dos grandes dramaturgos gregos? Que missão escondida será a dos dramaturgos da telinha? Que missão teremos depois dessa travessia pelas quebradas? Agora que podemos ver o teatro com múltiplos olhos. E tudo que se multiplicará ao longo dessa travessia.
Acredito como Noêmia Varela que a arte é território de muitos, de milhares, de milhões! De múltiplas formas. O obvio muitas vezes é difícil de entender, e precisamos do passado, para entender o presente e construir um futuro mais promissor, mais genial, com menos mesmices. Com mais espaço (que não está dado, mas está ai... está aqui...), com mais troca e menos arrogância, com menos ganância, com mais gana...
Gosto muito da seguinte frase: "Assim caminha a humanidade" e ao mesmo tempo desgosto, por que nesses tempos estranhos em que vivemos, ela toma um tom meio fatalístico, como se caminhássemos para o fim. Quero inaugurar outras para que possamos construir um novo tom para essa frase citada: “Por que assim caminha a humanidade?", "Quero caminhar para a humanidade" e deixarmos de viver um ensaio civilizatório, como nos atentou Milton Santos, mas sim, num mundo civilizado de fato.
Enfim, caros colegas encaminhos essas doces abobrinhas produzidas por minha mente, após os provocativos encontros das quebradas, que me fazem andar por ai borbulhante de pensamentos. Que diante da maré em que vivo diariamente, de desejos, de ausências, de necessidade, de felicidades inimagináveis, de utopias que me impelem a ação, a por as mãos a obra, a fazer e acontecer.
Conto com todos para realizar esse desejo, esse fazer, a troca possível aos seres humanos!
Beijos apaixonados
Rê Freitas